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19/11/2010 - 06h00

Como é feito o piso de cimento queimado? A manutenção é muito complicada?

  • Sala do decorador Marcel Steiner, com piso de cimento queimado. De baixo custo, o sistema agrada pela uniformidade, que faz espaços pequenos parecerem maiores

    Sala do decorador Marcel Steiner, com piso de cimento queimado. De baixo custo, o sistema agrada pela uniformidade, que faz espaços pequenos parecerem maiores

O cimento queimado é uma das opções de acabamento mais utilizadas nas casas brasileiras. O custo é um dos principais fatores que o faz tão popular: visto que sua composição leva basicamente cimento e areia, está entre as alternativas mais baratas para pisos do mercado. Por sua flexibilidade e durabilidade, pelo aspecto final e pelas várias alternativas de cores e acabamentos, o cimento queimado pode ser visto nas mais simples casas rurais (onde muitas vezes é chamado de vermelhão), e nas mais refinadas residências das grandes metrópoles.

O que é e como aplicar

O cimento queimado nada mais é do que um piso feito a partir de uma argamassa feita na obra com a mistura de cimento, areia e água. Essa argamassa deve ser aplicada com uma espessura média de 30 mm sobre o contrapiso ou sobre um lastro de concreto áspero. Caso a base esteja muito lisa, sugere-se que seja feito um chapisco para aumentar a aderência do cimento queimado. Após a aplicação da argamassa, devemos conseguir o máximo nivelamento do piso, preferencialmente com régua metálica.

Se pararmos o processo por aí, esse piso vira o famoso cimentado, que reveste boa parte das calçadas das nossas cidades. O ato de “queimar” o cimento é o que o distinguirá de um simples piso cimentado.

Queimar o cimento não tem nenhuma relação com fogo ou maçaricos. Este é o nome dado ao processo de jogar pó de cimento sobre o piso de argamassa de cimento e areia ainda mole e úmida; então, a superfície deve ser desempenada com uma desempenadeira de aço, espalhando o pó de cimento sobre a argamassa e deixando o conjunto bem liso. Após a secagem está pronto o cimento queimado, com um aspecto bem liso e nivelado.

Flexível

O cimento queimado pode ser utilizado em quase todos os ambientes de uma casa. Ele é um piso com alta resistência, pode ficar exposto ao tempo porque lida bem com a água, além de ser fácil executar os desníveis necessários para seu escoamento – contudo, por ser muito liso, pode ficar escorregadio, especialmente quando molhado.

O cimento queimado também não é adequado para os quartos, que podem ficar muito frios, em especial durante o inverno; o uso em banheiros, principalmente no interior dos boxes, não é recomendado porque o material pode reagir com xampus, sabonetes e outros produtos.

A limpeza é simples e basta lavar com água e sabão neutro. Em ambientes como salas de estar, fica bom aplicar cera líquida ou em pasta para a manutenção.

Durável

Desde que bem aplicado, este tipo de piso é extremamente durável, já que a sua limpeza e manutenção são muito simples. Por possuir grande resistência à abrasão, é muito difícil que este material quebre. Entretanto, uma das características mais comuns do cimento queimado são as trincas.

Este é um piso monolítico, ou seja, ao contrário de uma superfície composta por diversas peças cerâmicas independentes, funciona como uma peça única, de grande dimensão, feita de cimento. Como este piso vai se movimentar ao longo dos dias dilatando e contraindo, é comum o aparecimento de algumas trincas. Essas trincas podem variar de pequenas fissuras, que não incomodam e que fazem parte da natureza do material, até grandes trincas que podem comprometer a resistência e a durabilidade do piso. Para evitá-las é muito importante tomarmos alguns cuidados.

Aplicação especializada

Contar com aplicadores especializados é fundamental. Apesar de praticamente todos os pedreiros do país afirmarem que sabem trabalhar com esse tipo de piso e que efetivamente já fizeram um alguma vez na vida, o fato é que muito poucos realmente sabem executar um bom cimento queimado.

Antes de contratar um profissional, procure conhecer alguns pisos aplicados por ele, veja se ele se preocupou com o correto nivelamento. Observe se o piso apresenta trincas esteticamente admissíveis. Juntas de dilatação de plástico, madeira, pedra ou metal devem ser utilizadas a cada dois metros, pelo menos, para que elas e não o meio do piso trabalhem, evitando trincas. Na prática cada junta nada mais é do que uma trinca proposital criada pelo colocador para que o meio dos pisos fique intacto ou o mais perto disso.

Observe ainda a tonalidade do piso. Uma certa variação na coloração é esperada e proporciona o aspecto natural do sistema, mas deve-se evitar variações muito grandes de cor para o piso não parecer machado. O colocador ainda deve usar a mesma marca e lote de cimento dentro de um mesmo ambiente da casa para que a tonalidade se mantenha uniforme.

Por fim, aditivos podem ser misturados na argamassa de cimento e areia para que o piso adquira mais resistência e as trincas sejam evitadas.

Aspecto

O aspecto final de um piso monolítico, ou seja, de grandes panos sem rejuntes, é o que agrada muitas pessoas. Apenas leves linhas de dilatação, que podem ser inclusive da mesma cor do piso, dividem os panos, o que torna os ambientes visualmente maiores.

Além dos aditivos para aumentar a resistência, podemos também misturar elementos que dêem cor ao piso. Estes elementos normalmente são os corantes. O cimento queimado pode ser feito numa gama muito variada de cores, geralmente tendendo para os tons pastel, ou ainda pode se aproximar bastante da cor branca, se for executado com cimento branco e se o pó de mármore for aplicado na argamassa.

No mercado podemos encontrar materiais como o cimento polimérico, que apresenta um aspecto final muito próximo do cimento queimado e é mais resistente, o que evita as trincas, além de proporcionarem uma maior uniformidade na coloração. Vamos tratar desses materiais em futuros artigos, mas, por enquanto, ao se decidir pelo cimento queimado, procure um bom colocador, siga os passos acima e tenha um piso que jamais vai sair de moda!

Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)

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