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No Brasil são raros os imóveis equipados com sistema de aquecimento, mas há desde opções que devem ser previstas na obra até modelos portáteis -veja qual se adapta melhor à sua casa
É chegado o inverno e com ele o frio, que neste ano tem se mostrado bastante rigoroso em nosso país. É comum acontecer nessa época uma corrida às lojas para a compra de equipamentos que esquentem as áreas internas e até externas das casas, lojas e restaurantes, visto que no Brasil poucos são os imóveis que já apresentam infra-estrutura de aquecimento instalada. Surge então a questão: que equipamento comprar para cada local?
Os aquecedores podem ser elétricos, a gás ou a óleo e apresentar diferentes formatos. Podem ainda ser do tipo piso radiante ou apenas um aparelho de ar-condicionado com função quente e frio. Vamos a eles.
O piso radiante pode ter alimentação elétrica e a gás. Este é o sistema que apresenta o melhor conforto para o usuário e o grande vencedor no quesito estético, visto que não aparece. É ainda o mais eficiente do ponto de vista de consumo energético. Por outro lado é o que demanda maior investimento em infra-estrutura, porque é instalado sob o piso. Ou seja, deve ser instalado no momento da construção do imóvel ou durante uma reforma de proporções razoáveis, em que esteja nos planos a troca de todo o piso.
O esquema mostra o funcionamento do piso radiante: a água aquecida por um aquecedor a gás ou elétrico circula em circuito fechado (ou seja, não há necessidade de reabastecer) por serpentinas instaladas sob o piso. O piso aquecido transfere calor para o ambiente. O sistema pode atender diversos pavimentos de uma casa , por uma tubulação independente
Consiste basicamente de um cabo de aquecimento elétrico (também chamado “cabo radiante”), que é aplicado sob o piso de acabamento, como cerâmica, madeira ou outro. Sob o cabo é colocada uma camada de isolante térmico. Este cabo percorre toda a área do ambiente e é ligado à fonte de energia que o aquece.
Instalação do piso radiante: só indicado para construções novas ou grandes reformas, é o sistema mais eficiente e econômico
O calor gerado pelo cabo radiante aquece o piso e se espalha pelo ambiente por meio do ar, de maneira uniforme: o ar quente tem a característica de subir, ou seja, o calor se distribui de forma natural.
Além do cabo radiante, o sistema também é feito com serpentinas por onde corre água quente em circuito fechado (ou seja, não é preciso reabastecer). A água é aquecida por um aquecedor comum (a gás ou elétrico), e transfere calor para o piso, que o espalha pelo ambiente da mesma forma que acontece com o cabo radiante.
Os radiadores instalados nas paredes, muito comuns na Europa e Estados Unidos, têm sistema semelhante de funcionamento, mas como o ar quente demora a atingir a área inferior dos ambientes e o próprio piso, acaba não sendo tão eficiente e confortável.
O piso radiante é particularmente indicado para uso em banheiros, onde em geral se aplica revestimento frio, e no qual estamos descalços. Ou seja, o piso fica quente e confortável e o ambiente é aquecido com baixo gasto de energia.
Uma solução simples encontrada por muitas pessoas é a instalação de equipamentos de ar-condicionado -de janela ou do tipo split- que possuam a função quente/frio. A solução agrada, pois muitas casas já possuem aparelhos de ar-condicionado instalados e a infra-estrutura necessária para tal instalação, como a abertura na parede e a tubulação para o split.
Máquinas portáteis com essa função podem ser instaladas sem a necessidade de quebre-quebra. Como é comum que as casas muito frias no inverno também sejam bastante quentes no verão, esta acaba sendo uma solução que aumenta o conforto nas duas estações.
Entretanto, apesar de possuírem dupla função, essas máquinas são mais preparadas para produzir ar frio e não aquecem de forma satisfatória o ambiente. Por isso, é necessário pesquisar quais são os melhores fabricantes e quais os aparelhos que melhor funcionam também na função de aquecimento. Além disso, o consumo energético desses equipamentos, se comparado com alguns outros modelos de aquecedores, é muito maior.
Por há a questão da distribuição do calor. Por ser uma fonte pontual, o ar quente se distribui de forma diferente dentro dos ambientes, gerando áreas mais quentes e outras mais frias. Mais do que isso, como o ar-condicionado normalmente é colocado no alto das paredes (o que faz sentido quando pensamos no ar-frio, que tende a descer), o ar quente sobe para o teto e a parte inferior dos ambientes ficará mais fria. Como resultado, precisaremos de máquinas mais potentes, o que vai gerar desperdício de energia.
O sistema por radiador é similar ao do piso radiante, mas a água quente não corre sob o piso, e sim por tubulação embutida na parede, chegando até o aparelho responsável pela difusão do calor
O sistema por radiador é similar ao do piso radiante, mas a água quente não corre sob o piso, e sim por tubulação embutida na parede, chegando até o aparelho responsável pela difusão do calor
Outros aquecedores de ambiente se dividem em aquecedores de halogênio, aquecedores a resistência, termoventiladores, aquecedores a óleo, aquecedores termocerâmicos e aquecedores a gás.
Aquecedor de halogênio: normalmente do tipo oscilante, ou seja, tem movimento lateral para garantir uma melhor distribuição do calor; consiste de lâmpadas de halogênio de baixo consumo e alta durabilidade que produzem o calor que é transferido para o ambiente.
Aquecedor elétrico: funciona com uma resistência que aquece o ar de forma bastante rápida e uniforme. Em geral, esses aquecedores têm dimensões menores em relação a outros modelos, o que os torna portáteis.
Termoventilador: também é alimentado por eletricidade, funciona com uma resistência e é bastante simples. A diferença está no fato de possuír um ventilador acoplado ao sistema, o que melhora a eficiência e a velocidade de distribuição do ar quente. Esses produtos também são pequenos e bastante fáceis de transportar, mas ressecam o ar e fazem barulho devido à ventoinha.
Aquecedor a óleo: a maioria dos equipamentos portáteis à venda nas lojas é do tipo a óleo. Este equipamento possui uma resistência interna que aquece um óleo o qual circula por uma serpentina. Como vantagens desse sistema há o silêncio absoluto e o fato de não ressecar o ar. O óleo ainda mantém o ar aquecido por mais tempo, o que aumenta o conforto.
Aquecedor termocerâmico: consiste de uma resistência que aquece um material cerâmico que a envolve. Uma ventoinha espalha o ar aquecido de forma bastante rápida. Além da velocidade com que aquece o ar, tem como vantagens o fato de proporcionar um aquecimento bem distribuído e, pelo fato de a cerâmica não ultrapassar a temperatura desejada devido à sua composição, ser bastante econômico.
Esses aquecedores podem ser encontrados nos formatos convencional, torre ou chapéu. Para o interior dos ambientes normalmente são utilizados os equipamentos do tipo convencional ou torre, sendo que o segundo tem sido mais procurado por ocupar menos espaço e ser mais fácil de ser guardado quando não está em uso.
Os aquecedores do tipo chapéu são feitos para serem utilizados em ambientes externos, por isso são comuns em bares e restaurantes que possuem áreas externas e no jardim de algumas residências. Existem modelos com alimentação a gás para uso em locais onde não há pontos elétricos.
Na hora da compra, leve em consideração o local em que o aquecedor vai ser instalado. Pense também se o equipamento vai ser usado no verão, como um ar-condicionado; considere o custo do aparelho e da instalação, o custo da energia e questões como o barulho ou o ressecamento do ar do ambiente. Só assim a escolha será a melhor, a mais econômica e proporcionará o máximo conforto.
Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)
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