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Muitos leitores têm mandado dúvidas sobre piscinas, provavelmente porque estão aproveitando o inverno para se prepararem para o verão. Assim, nas próximas três semanas vamos publicar artigos sobre piscinas, para ajudar a entender as diversas possibilidades existentes para a construção de uma nova, ou reforma de uma antiga.
Como as piscinas são geralmente externas, o inverno é uma boa época para construí-las (especialmente na região sul e sudeste do Brasil), visto que chove menos e assim as obras tendem a ser finalizadas mais rapidamente. Então, se você está pensando em construir uma piscina, essa é a hora!
Existem muitos tipos diferentes de piscina, assim como forma de executá-las. No entanto, podemos, grosso modo, dividir os componentes de uma piscina em alguns itens, de forma a facilitar o entendimento de como elas funcionam. Esses componentes são a estrutura, a impermeabilização, o revestimento, e a filtragem.
Como a piscina é estruturada? Existem diferentes sistemas, mas os mais comuns no Brasil são os de alvenaria estrutural, concreto armado, e os pré-moldados, como as piscinas de fibra de vidro.
É importante entender que, seja qual for o sistema adotado, uma piscina é uma construção, assim como um cômodo da sua casa. O fato de estar enterrada não facilita a construção, mas, sim, complica, porque vazia a piscina tem que suportar a pressão da terra ao redor, como uma espécie de subsolo raso.
As construídas são as piscinas mais tradicionais, e englobam desde uma residencial até as de clubes. Todos os formatos, profundidades e ideias podem ser executadas com um bom projeto de arquitetura e engenharia. O sistema é realizado por escavação, que pode ser feita manualmente ou com máquinas apropriadas (se o espaço permitir), e depois a estrutura é montada. A definição da estrutura, se toda de concreto armado, alvenaria estrutural ou outro método, dependerá do tipo de projeto e das decisões do cálculo da engenharia.
As piscinas de fibra nada mais são do que sistemas pré-moldados, que já vêm prontos e se auto-sustentam. A piscina de fibra é muito utilizada porque tende a ser mais barata e de rápida execução, mas o comprador está limitado aos modelos criados pelos fabricantes; o tanque terá acabamento de fibra de vidro, e geralmente será um pouco mais raso do que o dos outros sistemas. Sua execução também exige uma escavação (manual ou mecânica); a seguir prepara-se uma base de concreto sobre a qual o tanque é apoiado. Parte da terra retirada na escavação é utilizada para preencher os vãos laterais depois de colocado o tanque de fibra -e assim, rapidamente. a piscina está pronta para o uso.
No caso das piscinas de fibra de vidro, elas já vêm impermeabilizadas, ou seja, a água de dentro da piscina só vazará se houver algum furo no tanque, ou vice versa (dependendo da situação, pode acontecer de a água do solo penetrar no tanque).
Já as piscinas construídas (não importa se de concreto, de alvenaria armada ou de outros sistemas menos utilizados), devem ser impermeabilizadas. Essa impermeabilização é similar à de uma laje de cobertura, e existem diversas maneiras e produtos diferentes para realizá-la. As formas mais comuns são com o uso de manta asfáltica ou pintura impermeabilizante.
É muito importante que exista uma camada protetora da impermeabilização, visto que esta tenha sido realizada corretamente, assim como um revestimento final. Isso proporciona uma vida longa para sua piscina, e evita vazamentos e problemas futuros.
Existem diversas opções de revestimentos para piscinas. No caso das piscinas pré-moldadas, a própria fibra de vidro do tanque já cumpre esse papel. Mas a piscina pode ser revestida com pedras, azulejos, pastilhas cerâmicas (esmaltadas ou não), tesselas de vidro, mosaico, e uma série de outros acabamentos, quase como as áreas molhadas (banheiro e cozinha) de uma residência.
Trataremos mais profundamente dos revestimentos em um dos próximos artigos, mas é interessante salientar que existem sistemas em que o revestimento vinílico assume a função de impermeabilização, facilitando a instalação.
Ao pensar nos revestimentos da piscina, deve-se considerar sempre o acabamento de quina (encontro entre o revestimento da piscina e da borda da piscina), revestimento da borda da piscina, e arredores. Podem ser utilizadas pedras, materiais atérmicos, decks de madeira, fulget e muitas outras possibilidades interessantes.
Seja qual for o tipo de construção, as piscinas precisam ter um sistema de filtragem, e eles são todos muito similares conceitualmente. Existem, é claro, diversos fabricantes e produtos diferentes, mas o raciocínio é sempre parecido.
A piscina deve ter um ralo de fundo e um sistema que mantenha a água circulando. Para isso é necessário uma bomba de água e um sistema de filtragem (os mais comuns são os filtros de areia, mas existem variações). As dimensões da bomba e do filtro têm relação direta com o volume de água da piscina, e uma loja de equipamentos pode facilmente calcular qual equipamento é o ideal.
A bomba faz com que a água circule pelos retornos, aqueles bocais localizados nas paredes da piscina. Eles ficam posicionados de forma a fazer a água circular em direção ao ralo de fundo, que a envia para o filtro, onde ela é tratada e retorna para o tanque.
O sistema básico de uma piscina precisa desses componentes. Mas existem muitos outros acessórios que podem fazer parte desse conjunto, como o skimmer (um aparelho instalado na borda da piscina que ajuda a manter a superfície limpa), aquecedores (de diversos tipos), filtro de ozônio (para evitar o cloro), iluminação, e outros.
Esses elementos compõem a parte hidráulica da piscina e são ligados por tubulação apropriada, geralmente feita com tubos de PVC marrom. Além do sistema de filtragem, a piscina deve ser tratada periodicamente com os produtos químicos recomendados, geralmente algicida e cloro; também deve ser feita a medição frequente do pH da água.
Ao planejar sua piscina, tenha em mente o sistema construtivo, os revestimentos e a área do entorno, como o solário, o paisagismo, o apoio. Não pense apenas em uma piscina colocada no centro do terreno, mas, sim, como ela se relaciona com o jardim, com as construções e, especialmente, com o sol, de forma que fique sempre bastante ensolarada.
No caso das piscinas de fibra de vidro, pesquise muito antes de decidir. Já para as piscinas construídas, vale muito a pena discutir bastante o projeto, considerar profundidades diferentes, apoios, pequenas praias, decks molhados e até espaços para hidromassagem. Faça um bom projeto e aproveite o verão!
Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)
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